Literatura Médica

09/04/2009

Artigo: Estimulação Profunda Cerebral Bilateral vs Terapia Medicamentosa em Pacientes com Doença de Parkinson Avançada

Filed under: Neurologia — iaragrisi @ 2:55 AM
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Estudo publicado no JAMA 2009;301(1):63-73 revela novidades bem interessantes sobre estimulação cerebral profunda (ECP) para Doença de Parkinson (DP). Atualmente, ECP tem sido utilizada em alguns pacientes com DP avançada e resistente aos medicamentos convencionais. Porém, este é o primeiro estudo (eu acho) que realmente compara o novo método com tratamento medicamentoso.

O objetivo do estudo foi comparar por 6 meses a evolução de pacientes com DP avançada tratados com ECP com outros tratados com “a melhor terapia medicamentosa”.

Aqui vale uma observação. Li e reli o estudo e não encontrei uma boa definição de qual seria a melhor terapia medicamentosa. Os autores citam uso de diversas classes de medicamentos, fisioterapia, acompanhamento rigoroso por neurologista mas não citam nenhuma droga especificamente nem suas respectivas doses. Ao meu ver, falha grave.

Outra falha foi a randomização dos pacientes. Os dados equiparando os grupos são inconsistentes, não dá pra saber se os grupos são equivalentes o suficiente para serem comparados.

Mas voltando ao principal. Os autores conseguiram avaliar 255 pacientes (bom número) e observaram que o grupo tratado com ECP conseguiu 4,6 horas/dia livres de movimentos anormais contra zero hora/dia do que o grupo tratado com a melhor terapia medicamentosa (p<0,001). Observaram também melhora da função motora em 71% dos pacientes tratados com ECP. Contudo, observaram grande número de efeitos adversos graves no grupo ECP como hemorragia cerebral e morte (49 pacientes do grupo ECP tiveram pelo menos 01 efeito colateral considerado grave).

Assim, concluímos que a ECP melhora a função motora e reduz os movimentos anormais em pacientes com DP avançada porém as custas de efeitos adversos graves.

É isto. Abraços e até a próxima!

Para download do artigo na íntegra, clique aqui.

Artigo: Acupuntura para profilaxia de migrânia (revisão)

Filed under: Neurologia — iaragrisi @ 2:27 AM
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Acupuntura é frequentemente utilizada para profilaxia da migrânia mas sua eficácia ainda é controversa. O artigo traz uma revisão realizada pela Cochrane e originalmente publicada na Cochrane Library. Uma revisão anterior havia sido publicada porém não foram encontrados dados suficientes para uma conclusão. Com novos trabalhos (trials) disponíveis, esta nova revisão foi realizada e trouxe informações importantes.

Os objetivos da revisão foram (1) investigar se a acupuntura é mais eficaz que os métodos rotineiros de tratamento da migrânia, (2) se é mais eficaz que placebo e (3) se é tão eficaz quanto as demais formas terapêuticas em reduzir a frequencia da cefaleia em pacientes com migrânia.

Foram avaliados 22 estudos com total de 4419 pacientes e os autores concluiram que a acupuntura é tão eficaz quanto os tradicionais métodos de tratamento da migrânia com a vantagem de ter menos efeitos colaterais. Assim, devemos considerar a acupuntura no tratamento de pacientes migranosos que não toleram medicamentos convencionais.

Para download do artigo na íntegra, clique aqui.

07/04/2009

Artigo: Controle convencional da glicemia versus controle intensivo em pacientes criticamente doentes

Filed under: Terapia Intensiva — iaragrisi @ 10:13 PM
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Pesquisadores australianos e neozelandeses ligados ao estudo NICE-SUGAR publicaram, recentemente, no New England Journal of Medicine, os resultados do estudo realizado para investigação da faixa-alvo ótima de glicemia em pacientes criticamente doentes.

Em 24 horas após a internação em uma unidade de terapia intensiva (UTI), pacientes adultos cuja expectativa de permanência em UTI por três ou mais dias consecutivos foram randomicamente alocados para serem submetidos a controle estrito de glicemia, com faixa-alvo de glicemia entre 81 e 108 mg/dL (4,5 a 6 mmol/L) ou controle convencional de glicemia, com alvo de glicemia igual ou inferior a 180 mg/dL (< 10 mmol/L). Definiu-se como desfecho primário óbito por qualquer causa em até 90 dias após a randomização.

Dos 6104 pacientes submetidos à randomização, 3054 foram alocados para controle intensivo de glicemia e 3050 pacientes foram alocados para controle convencional; dados em relação ao desfecho primário no 90° dia estiveram disponíveis para 3010 e 3012 pacientes, respectivamente. Os dois grupos apresentavam características semelhantes em momento basal. No total, 829 pacientes (27,5%) do grupo de controle intensivo e 751 pacientes (24,9%) do grupo de controle convencional faleceram (OR para controle intensivo = 1,14; IC95% = 1,02 – 1,28; P = 0,02). O efeito do tratamento não diferiu significativamente entre pacientes cirúrgicos e não cirúrgicos (clínicos) (OR por óbito no grupo de controle intensivo = 1,31 e 1,07, respectivamente; P = 0,10). Hipoglicemia grave (glicemia < 40 mg/dL [2,2 mmol/L]) foi relatada em 206 de 3016 pacientes (6,8%) no grupo de controle intensivo e em 15 de 3014 (0,5%) no grupo de controle convencional (P < 0,001). Não houve diferença significativa entre os dois grupos de tratamento em relação à mediana do número de dias de internação na UTI (P = 0,84) ou no hospital (P = 0,86) ou em relação à mediana de dias de ventilação mecânica (P = 0,56) ou de terapia de substituição renal (P = 0,39).

Os pesquisadores concluíram que, neste estudo extenso, randomizado e internacional, o controle intensivo de glicemia aumentou a mortalidade em pacientes adultos na UTI: glicemia-alvo igual ou inferior a 180 mg/dL resultou em menor mortalidade que glicemia-alvo de 81 a 108 mg/dL.

Intensive versus conventional glucose control in critically ill patients – New England Journal of Medicine 2009;360:1283-1297

Obs.: Este é um resumo do artigo. Se desejá-lo na íntegra, faça uma solicitação através do link Contato.

22/03/2009

Vacina experimental mostra-se promissora contra CMV

Filed under: Doenças Infecciosas — iaragrisi @ 12:38 AM
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Cada ano aproximadamente 8 mil crianças nos Estados Unidos desenvolvem surdez e prejuízos mentais e motores devido infecção intrauterina por Citomegalovírus (CMV). Dados brasileiros não são precisos.

Estudo publicado no The New England Journal of Medicine patrocinado pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) testou uma vacina contra CMV em mulheres não infectadas e observou redução de 50% no risco destas mulheres em tornar-se infectadas quando comparadas com controles que receberam solução salina.

A equipe convidou mulheres saudáveis de 14 a 40 anos que deram à luz na University of Alabama em Birmingham. Das 18.643 mulheres avaliadas cerca de 24% eram CMV-negativas. Após sete anos, 441 mulheres foram selecionadas.

Em estudo duplo-cego randomizado, as mulheres receberam 03 doses de vacina ou solução salina. Todas receberam pelo menos 01 dose. Aquelas que receberam vacina permaneceram não infectadas por período de 42 meses a mais que aquelas que receberam solução salina. Não houve diferenças significativas na incidência de febre, náuseas, fadiga ou erupção cutânea entre os dois grupos.

A segunda parte do estudo está em andamento. Parte dele está sendo realizado com garotas adolescentes e outra com voluntários que aguardam transplante de rins ou fígado.

Referência (resumo): RF Pass et al. Vaccine prevention of maternal cytomegalovirus infection. New England Journal of Medicine. 360: 1191-9 (2009)

Para saber mais: NIH News

20/03/2009

Estatinas podem beneficiar mais pessoas

Filed under: Cardiologia,Neurologia — iaragrisi @ 10:57 PM
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Ainda mais pessoas podem se beneficiar do uso de estatinas. Estudo em andamento no Johns Hopkins Institute sugere uso destas drogas mesmo em pessoas sem riscos de doença cardiovascular ou diabetes.

O estudo faz parte do “trial” chamado de JUPITER e, ao avaliar 18 mil pacientes observou que pacientes acima de 55 anos, com baixo colesterol (menor que 130mg/dL) mas com níveis de proteína C reativa elevados se benficiaram do uso de estatinas apresentando menor índice de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (atualmente o uso contínuo de estatinas não está indicado para estes pacientes).

A importância do estudo se deve ao fato que cerca de 20% dos pacientes que apresentam algum evento cardiovascular não têm fator de risco identificável e que quase 50% de todos os eventos cardiovasculares ocorrem em pacientes com níveis normais de coleterol. O estudo também revelou a importância dos níveis elevados de proteína C reativa como fator de risco para doença vascular.

Fonte: The New England Journal of Medicine

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